quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Armagurado

- Uma bebida?
- Não, Obrigada. – (O álcool não é remédio para tudo – pensei).
- Podemos continuar?
- Se for produtivo, do contrário prefiro ficar só, com minhas amarguras do mundo perdido em injustiças.
- Será, eu prometo.
- Acho que não, de qualquer forma meu sangue sempre escorrera  e borbulhará  como um vulcão enfurecido.
- Te amei, mas...
- Nada de clichês opacos e sem vida, já que me faz perder o tempo e a cabeça, ao menos use a criatividade!!
- .......
- Agradeço o silêncio, ao menos respeita a minha dor.
- Você vai sair dessa!! Você merece!
- Amigo, o que pretende??
- Fazer com que encontre a verdade sobre ti.
- A verdade nua é essa, o  que despencou foi o conto de fadas em que eu vivia!
- Veja melhor, sua vida assim destruída...
- Destruída!!! Jamais!!! Apenas animada demais, como uma montanha russa. Quer saber, não sei o que faço aqui, idiotice a minha pensar que poderia superar. Tudo sujo e deserto, só caminho entre a destruição e o medo, mundo perverso, repleto de desejos voluptuosos, reprimidos pela moral. Num lugar onde os bens é que mandam, você acha possível encontrar o verdadeiro amor?
- Sim, sempre há lugar para o amor.
- Ok, conta outra, desisto de tudo, menos da vida, por covardia é claro.
- Você me assusta! Isso é um verdadeiro drama!
- Drama porque não fui eu que destruí sua vida e sim você que destruiu a minha! Quer a verdade, não é!!?? Essa é a verdade!! Me faço de forte todo esse tempo, para não parecer vítima, para não ter dó de mim mesma! Me refaço aos poucos e até me divirto, mas desacreditei em muita coisa! Culpa sua!!
- Como um país mal colonizado?
- Não, isso é muito mais complexo, mas como uma floresta destruída, você pode até recuperá-la, mas jamais será a mesma, entende?
- Normal?
- Desde que você não perca a sua essência boa e eu não sou mais uma pessoa boa, sou cruel com os outros como você foi comigo...um pouco pior talvez, tenho prazer em deixar as pessoas na lama!
- Enlouqueceu!!
- Só se for de tédio, com essa conversa infeliz, tem muito espaço lá fora, preciso ir, vou tentar me encontrar.
- Vamos nos ver mais vezes!!!
- Que animado!! Desculpe meu bem, mas você me causa náuseas. Espero não ver essa sua cara insolúvel nunca mais!!! – (irritação)
- Espere!! Tenho um presente!!
(Risos Cômicos)
- Você sempre tem presentes, não é? Tudo bem, dê-me, adoro-os,  como marca de mais uma despedida, entre tantas. Adeus!
Sai, cospe na cara do ser amado.
Na rua, entrega o presente ao primeiro mendigo, o qual abre e se depara com um bilhete premiado da mega-sena.
Resmunga:
- Sempre te amarei, seu canalha!!

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